sábado, 19 de julho de 2008

Severino Ferreira: O gênio em forma de humildade

Foto de Seberino Ferreira impressa em um troféu de um festival na cidade de João Dias, que teve ele como poeta homenageado,em 2007.

O cantador que irei homenagear agora será o grande poeta Severino Ferreira da Silva, para mim e para muitos apologistas que o acompanhou, o maior cantador nascido no Rio Grande do Norte e um dos grandes do Nordeste.

Severino Ferreira da Silva nasceu no distrito Cajueiro, da cidade de Touros, a 30 de março de 1951. Filho de Antônio Ferreira da Silva e Rita Ferreira da Silva. Ferreira começou a vida de cantador de viola aos 16 anos de idade, pouco estudou, aprendendo apenas a ler, mas se tornou um cantador que fabricava versos de extrema sabedoria em qualquer assunto proposto numa cantoria, seja em um festival ou em um "pé - de - parede". Ferreira improvisava como poucos e mantinha sempre com ele uma expressiva humildade, foi parceiro do grande e exigente poeta Ivanildo Vila Nova, e de muitos outros poetas, sejam eles famosos no mundo da cantoria ou não, Ferreira não escolhia dupla, e onde cantava arrancava aplausos, era versátil e genial em seus improvisos, seus versos tinham pitadas de humor, de ciência, se fosse o caso, de sertão, de amor, era um cantador que se podia chamar completo.

Para tristeza do mundo da cantoria faleceu em 25 de outubro de 1997 em um grave acidente de automóvel quando ia acompanhado de outros cantadores para um festival na cidade de Campina Grande, todos os outros cantadores sobreviveram sem graves lesões, apenas Ferreira que viajava na mala do automóvel, e foi arremessado para fora, veio a óbito. Deixou filhos, esposa e uma grande legião de admiradores.

Agora vamos conferir uma coletânea de versos improvisados que eu selecionei, tirados de diversas cantorias feitas pelo grande vate.

Cantando com Ivanildo Vila Nova, o mesmo termina uma sextilha dizendo - "A casa que muitos moram/ Ninguém sabe quem é dono", ao que o poeta Ferreira pega na deixa:

O rei é quem tá no trono
Quando o guarda vem prescreve
Terreno que tem frieza
Só desce garoa e neve
Sei que o velhaco não paga
Mas cobra de quem lhe deve

Mais á frente Vila Nova termina outra sextilha-"Não existe amor eterno/Com fome dentro de casa", Ferreira com genialidade e uma ponta de humor improvisa:

Fogo quente é o de brasa
Terra boa é a que alaga
Carinhoso é quem tem jeito
Mão boa aquela que afaga
E língua que muito fala
O "pé do ouvido" é quem paga

Cantando o mote homenageando o grande Pinto do Monteiro - O Nordeste Poético ainda chora/ Com saudade de Pinto do Monteiro, Ferreira lapida esse diamante em forma de improviso:

Sei que Pinto deixou como recinto
A Monteiro que é sua cidade
O Nordeste até hoje tem saudade
De um poeta pacato e tão distinto
Outro galo não faz mais outro pinto
Que seja poeta e verdadeiro
Se pegar a galinha no terreiro
E tentar fabricar o ovo "gora"
O Nordeste poético ainda chora
Com saudade de Pinto do Monteiro

Cantando com Ivanildo Vila Nova no Estado do Ceará, mandaram o mote em desafio- "Não bote a mão que se fura/ Que é caco de vidro só!". Ferreiro improvisa essas estrofes:


Sou pior do que cigano
Pra entender de magia
Falando em feitiçaria
Passo lição em baiano
Livro de São Cipriano
Decoro sempre de có
Quem for pra meu catimbó
Mergulha na sepultura
Não bote a mão que se fura
Que é caco de vidro só


Da idade de Adão
Matuzalém e Noé
Descendente de Javé
Eu aprendi a lição
De Isaac, de Abraão
De José, Dimas, Jacó
Moisés, Sansão, Faraó
Que eu sou mestre em escritura
Não bote a mão que se fura
Que é caco de vidro só

Na mesma cantoria cantando sextilhas sobre os animais, Ferreira esbanja humor nesse improviso:


Muito me admira o galo
O nanico ou carijó
De dez ou vinte galinhas
Ele é quem dá conta só
Sem precisar vitamina
Nem caldo de mocotó

No ano de 96 em um festival na cidade de Petrolina, Ferreira duplando com Ivanildo Vila Nova, é sorteado com esse mote em setesílabas- Não canto sabedoria/ Só sei cantar o sertão, veja duas das estrofes improvisadas pelo gênio:


Só sei falar da ressaca
Do homem que se embebeda
Corujão que leva queda
Da cabeça de uma estaca
Canto o carinho da vaca
Com seu bezerro pagão
Por não ter água e sabão
Com a língua lambe a cria
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão

Só sei cantar o perfume
Da rosa que nasce virgem
Mostrando a melhor origem
Crescendo em cima do cume
O faról do vaga-lume
Sem ter pilha nem bujão
De noite mostra o clarão
Jesus lhe dando energia
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão


Cantando com o grande poeta Diniz Vitorino, na cidade de João Pessoa, mandam esse mote de profundo lirismo - "Os meus sonhos de poeta/ Já foram realizados", Ferreira em dia inspirado improvisa:


De porta veneziana
Eu não tenho moradia
Pra passar meu dia-a-dia
Tenho apenas a choupana
Uma garrafa de cana
E uns cadernos borrados
Dois troféus enferrujados
Na coleção incompleta
Os meus sonhos de poeta
Já foram realizados

A viola companheira
Que me ajuda todo dia
Eu viver de poesia
Adquirir minha feira
Tem quem ache uma besteira
Meus improvisos rimados
Meus versos filosofados
Bem pouca gente interpreta
Os meus sonhos de poeta
Já foram realizados


Nessa mesma cantoria, cantando o gênero sete linhas ou septilha, os poetas enveredam pelo assunto de profundo saudosismo, o vate potiguar espalha poesia com esses versos:


Eu também lembro a infância
Meu tempo de meninice
A fase da mocidade
O período da meiguice
Mas tudo está se passando
Aos poucos vai mergulhando
No caldeirão da velhice


Aonde fui habitante
O destino me levou
Vi a casa destelhada
A porta o vento quebrou
Só com lixo na biqueira
Ainda vi a caveira
De um boi que a seca matou


Mais à frente pediram o mote - "Eu moro na capital/ Mas gosto mais do sertão", Ferreira improvisa:

Lembro daqueles caminhos
Onde passam caçadores
De sentir cheiro de flores
Pisar em ponta de espinhos
Escutar os passarinhos
Na sua dócil canção
Deixando uma gravação
No disco do vegetal
Eu moro na capital
Mas gosto mais do sertão


Aqui o comércio ilude
O trânsito é agitado
Quero é voltar pra o roçado
Pra tomar banho de açude
Onde o homem tem saúde
Mais força e disposição
Finda morrendo ancião
Sem tomar um melhoral
Eu moro na capital
Mas gosto mais do sertão


Cantando com Ivanildo Vila Nova, em Natal - RN, o tema era "E o que é que me falta fazer mais", bastante conhecido nas cantorias, Severino Ferreira mesclando humor com conhecimentos históricos, improvisa:


Visitei la na Grécia certa hora
Li os lindos trabalhos de Pitágoras
Bati papo tembém com Anaxágoras
E trouxe a chave da caixa de pândora
Passei perto da Deusa que é Aurora
Dei a ela seis raios boreais
Assisti no palácio as vestais
E de um sopro que eu dei um certo dia
Apaguei o faról de Alexandria
E o que é que me falta fazer mais
Escrevi com Camões em Portugal
Inspirei a Cervantes na Espanha
Junto a Goerte fiquei na Alemanha
E nos Açores dei nome a principal
Aos poemas de Antero de Quental
Eu andei com aedos e andrais

Já passei nos castelos dos feudais
E coloquei uma vez um trem no trilho
Fiz Olívia Palito ter um filho
E o que é que me falta fazer mais

Cantando o mote - "A vida é uma incerteza/ A morte é certeza pura", o mestre faz o seguinte verso:


Na hora que a morte vem
Tem a sua foice armada
Que não tem medo de nada
E nunca respeitou ninguém
Com a força que ela tem
Elimina a criatura
Bota um cordão na cintura
Caixão preto e vela acesa
A vida é uma incerteza
A morte é certeza pura


Por último transcrevo o que para mim é uma obra - prima do improviso, foi cantando em um festival que Ferreira foi sorteado com o mote: "No coração da criança/ Não pode existir rancor", ao que o mesmo improvisa:


Avistei um pequenino
Subindo de déu em déu
Quando chegou lá no céu
Foi falar com o divino
Gritaram - pesem o menino
Que também é pecador
Jesus disse - não senhor
Pode guardar a balança
No coração da criança
Não pode existir rancor


Que Deus abençoe sua alma grande poeta




terça-feira, 15 de julho de 2008

Cantoria: Sebastião da Silva e Severino Feitosa

No dia 25 desse mês (sexta - feira) será realizada uma cantoria pé de parede no bar Recanto do Seridó, por trás do Natal Shopping, com os poetas Sebastião da Silva e Severino Feitosa. A cantoria está prevista para iniciar as 20h:30.

Os dois poetas que irão se apresentar são consagrados no mundo da cantoria, tendo em vista a profunda inspiração de seus belos versos que improvisam nas pelejas pelo mundo a fora. É uma boa oportunidade de apreciar a mais original das expressões culturais nordestinas.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Natal será a capital do repente no próximo dia 11 de julho. Nesta data acontecerá um grande evento de cantadores e poetas.

O XVI Encontro das Violas Nordestinas que se realizará na AABB, a partir das 21h.Entre os repentistas estão Ivanildo Vila Nova, Raimundo Caetano, Edmilson Ferreira, Antonio Lisboa, Raulino da Silva, Jonas Bezerra, Severino Feitosa, Rogério Menezes, José Viola, Edezel Pereira, Daniel Olimpio e Edvaldo Zuzu.

A organização é do poeta Antonio Sobrinho e a apresentação de Djalma Mota. A entrada é R$ 10 reais e o horário de início está programado para as 20:00 hrs.

Com essas talentosas duplas o festival promete ser sucesso de público, os assuntos serão sorteados na hora. O primeiro estilo que cada dupla irá desenvolver será a sextilha, logo após o mote em sete e por último o mote em dez. É uma boa oportunidade de lazer e para quem não conhece um festival de repentistas experimentar essa prazerosa sensação que é ouvir cantadores de tão alto nível improvisando.

Abraço a todos

domingo, 6 de julho de 2008

Versos ariscos do maior repentista da história: Pinto do Monteiro


O primeiro cantador a ser homenageado aqui no blog, não podia deixar de ser aquele que foi o maior repentista violeiro de todos os tempos: Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto do Monteiro.

Pinto do Monteiro nasceu em 21 de novembro de 1895 no sítio Carnaubinha, no município de Monteiro, interior da Paraíba. Começou a cantar aos 24 anos de idade, antes de embrenhar na profissão de cantador foi vaqueiro e soldado de polícia do Estado da Paraíba. Nas suas andanças como cantador foi ganhando fama e se tornando o grande mito que até hoje permanece, sendo reconhecido como o maior cantador de todos os tempos.

Com uma inteligência colossal, junto a uma enorme capacidade de improviso e ainda uma velocidade espantosa, Pinto, como é conhecido, assombrava os cantadores que o acompanhava nas pelejas, e deixava platéias em polvorosa com respostas irreverentes e rápidas.
Pinto fez algumas parcerias memoráveis, como por exemplo, com os grandes poetas Lourival Batista e João Furiba. Percorreu o Brasil, deixando rastros de poesia e genialidade por onde passava, chegou a cantar para o presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra, sempre carregando consigo a essência do homem do sertão.

Morreu em 28 de outubro de 1990, aos 94 anos de idade, na cidade de Monteiro, na casa de um amigo, em situação de extrema pobreza, mostrando a falta de reconhecimento de um povo que não tem idéia do gênio que era Pinto do Monteiro.

Abaixo vai um pequeno vídeo de Pinto do Monteiro improvisando, é só clicar no link e assistir:

Agora vamos saborear alguns versos que foram improvisados por Pinto, nas mais diversas ocasiões, com os mais diversos cantadores.

.Aos 93 anos de idade, Pinto foi visitado pelo amigo e parceiro de profissão João Furiba, mesmo já próximo da morte mostrou porque sempre será o mito, improvisando essa sextilha:

Eu não imaginaria
Que você chegasse agora
Pra mim foi uma surpresa
Obtive uma melhora
Mas seique vou piorar
Quando você for embora

.Certa vez cantando com o mesmo "Furiba", este criticou de forma desrespeitosa a cidade de Monteiro, Pinto que também conhecia a cidade onde "Furiba" nasceu retrucou:

Eu conheço muito bem
A sua Taquaritinga
Em cima fica uma serra
Em baixo uma caatinga
Na parte alta não chove
No pé da serra não pinga

.Noutra oportunidade, Pinto cantava com Lourival Batista, e assim improvisou:

Eu andando certo dia
Nas terras do Seridó
Tive o prazer de almoçar
Na fazenda de codó
Comi até me fartar
Da traíra o mocotó

Lourival Batista sabendo que traíra é um peixe respondeu:

Houve muitos pescadores
De Adão até Jacó
De jacó até moisés
De Moisés a Faraó
Mas nunca houve quem visse
Traíra com mocotó

Pinto, esbanjando inteligência e velocidade de raciocínio disse:

Era uma vaca cotó
Da fazenda Passira
Mataram e eu comi dela
A qual chamavam Traíra
Agora você me diga
Se é verdade ou é mentira

.Certa vez Lourival observando as vestimentas de Pinto terminou uma sextilha dizendo: "Pinto você canta muito/ E a roupa num vale nada". Pinto responde:

É verdade camarada
O que você tá dizendo
Eu costumo andar assim
Sujo e cheio de remendo
Mas ninguém diz onde passo
Pinto ficou me devendo

. Na mesma cantoria Lourival termina uma estrofe improvisando: "Meu verso é um bacamarte/ Nas mãos de um sujeito afoito". Pinto com maestria responde:

O meu é um trinta e oito
Na mão de um cabra valente
Bola cheia, cano longo
Queixo atrás, mira na frente
O queixo quebrando as balas
E as balas matando gente

.Mais adiante, Lourival termina uma estrofe dizendo: "Pinto não serve pra nada/ É pinto mas não se zanga". Pinto responde:

Pois se vire numa franga
Que eu quero pega-lo agora
Os pés sustentando o corpo
As asas fazendo escora
O bico ferrando a crista
O resto eu digo outra hora

.Furiba cantando com Pinto, faz menção a sua terra dizendo no fim de uma sextilha: "Tudo que se planta dá/ Na minha terra adorada". Pinto bombardeia:

Tua terra miserável
Só tem cupim e saúva
Teu pai morreu com cem anos
Tua mãe ficou viúva
Passou dos cento e quarenta
E nunca viu uma chuva

.Furiba certa vez terminou uma estrofe dizendo: "Deixe pra mim que só tenho/ Dezoito anos de idade". Pinto cansado das pabulagens de Furiba faz essa sextilha:

Isso aí não é verdade
Você quer ser inocente
Tem vinte anos que canta
Quinze que bebe aguardente
Trinta que engana o povo
Quarenta e cinco que mente

.Numa cantoria Furiba provoca: " Pinto velho do Monteiro/ Além de doido está cego". O gênio não deixa por menos e responde:

Ainda lhe vejo cego
Sem ganhar nenhum vintém
Pedindo esmola num beco
Onde não passe ninguém
Se passar, seja outro cego
Pedindo esmola também

.Pinto cantando sobre o exôdo rural do Nordeste fez essa bela sextilha:

Os homens do meu Nordeste
Estão desaparecidos
Nas estradas de São Paulo
Os caminhões entupidos
Conduzindo os enganados
Trazendo os arrependidos

.Cantando com Louro Branco, o gênero da cantoria chamado mourão a desafio. Pinto começa:

No mourão a tira-couro
Vou mata-lo no cacete

Louro responde:

Entro no bixo do Pinto
Vou sair no "tamburete"

Pinto da o tiro de misericórdia:

Mas a coisa é diferente
Você entra como gente
Vai sair como tolete

Cantando com Furiba, este tinha acabado de chegar do Rio de Janeiro, e improvisa algo elogiando o povo carioca. Pinto com a sinceridade perturbadora de sempre, improvisa:

O que eu vi na guanabra
Foi "nêgo" descendo morro
Desastre no meio da rua
Gente no pronto-socorro
Ladrão batendo carteira
Mulher puxando cachorro

Cantando com Otacílio Batista, este improvisa uma sextilha enfatisando a boca banguela de Pinto, aoque Pinto responde que ao chegar na velhice o mesmo iria acontecer com ele, Otacílio então termina uma estrofe dizendo: "Quando chegar esse tempo/ O senhor já tem morrido", Pinto despeja esse improviso por cima de Otacílio:

Mas meu espírito envolvido
Muito além da sepultura
Irá vagar pelo mundo
Somente a tua procura
Até queum dia te veja
Cantando sem dentadura

Por fim uma estrofe do trabalho escrito por Pinto, chamado: Porque deixei de cantar

Com a matéria abatida
Eu de muito longe venho
Com este espinhoso lenho
Tombando na minha vida
Tenho a lembrança esquecida
Uma rouquice ruim
A vida quase no fim
A cabeça meio tonta
Quem for novo tome conta
Cantar não é mais pra mim

sábado, 5 de julho de 2008

A respeito da cantoria



Aqui estou eu na criação de um blog, nele irei me limitar a divulgar e a explanar sobre o que, na minha opinião, é a mais criativa, genial e original forma de expressão cultural nordestina: a cantoria de viola. Sei que é pouco convencional, nos dias atuais, um jovem de 21 anos como eu, se interessar por um assunto como esse, mas acredite, troco qualquer show de chiclete com banana, por uma agradável noite ouvindo uma arrojada cantoria de "pé de parede", e para isso tenho bons motivos.

A cantoria de repente é uma expressão cultural, única e exclusiva, da região do Nordeste brasileiro, que tem suas raízes no ambiente rural, nela, dois cantadores sempre acompanhados de suas violas, improvisam versos seguindo uma técnica rígida de rimas, métrica (estrutura dos versos) e oração (conteúdo), com a genialidade do improviso. Os primeiros escritores a abordarem o assunto, declaram que foi a partir do século 19 que surgiram os primeiros cantadores repentistas, como o grande poeta Fabião das Queimadas.

Mesmo suas origens sendo de tão longa data, a cantoria resiste heroicamente aos dias de hoje, com cantadores informados e em sintonia com os mais variados assuntos seja ele, política, ciência ou meio ambiente, mas também nunca perdendo o lirismo de temas como o amor e a natureza.

Existem atualmente mais de 200 estilos para o cantador se expressar em uma cantoria, sextilha, mote em setesílabas, mote em decasílabas, galope a beira-mar, septilhas e martelo são só alguns dos mais conhecidos. Aqui no blog minha proposta é homenagear os muitos repentistas, desde os mais antigos aos mais novos, em cada atualização colocarei o nome de um repentista, alguns dados pessoais, suas características e versos que foram improvisados nos mais diversos estilos e assuntos pelos próprios. Dessa forma vocês poderão apreciar e sentir esses verdadeiros gênios e suas obras instântaneas, onde em um curto espaço de tempo e em poucas linhas conseguem elaborar monumentais estrofes tudo com o fator do improviso, feito na hora.

O que é de bom gosto é imortal, a cantoria nunca vai acabar, ela deve se adaptar aos diversos momentos, e nunca deixará o machado da modernidade cortar suas raízes.

Admiro a exuberância
De um poeta em cantoria
Com a tempestade de versos
Que num instante ele cria
E as nuvens do seu juízo
Soltam raios de improviso
Riscando o céu da poesia

by eu